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Cão: anjo ou demônio? – O Indaialense

O que você sente diante de um cão? um companheiro, amigo, de amor incondicional ou animal sujo, impuro, que morde traiçoeiramente, Hashi do filme para “sempre ao seu lado” ou Lobo Mau que devora a vovozinha da Chapeuzinho Vermelho. Esta dualidade, o bem e o mal, é a realidade dos cães. Se por um lado temos uma parcela da população que quase os venera, do outro, temos os querem ver os cães longe dos seus olhos. Não há mitologia alguma que não tenha associado o cão a morte, aos infernos, aos impérios regidos por Lúcifer. Neste sentido um cão-guia conduz o homem na noite da morte após ter sido seu companheiro no dia da vida. Em contrapartida a isto, foi uma loba que alimentou e cuidou de Romulo e Remo, onde Romulo se tornou o fundador de Roma e seu primeiro Rei. Para os celtas o cão sempre foi ligado a bravura, principalmente a bravura guerreira. não existia qualquer conotação pejorativa. Talvez esta dualidade se apresentasse com mais clareza nas tradições do Islã, onde o cão apresenta cinquenta e duas características, metade das quais santas e a outra metade, satânicas.

Faço toda esta narrativa para buscar uma explicação para o que ocorreu no último dia 22 de fevereiro em Balneário Camboriú, onde uma senhora cega acompanhada de seu cão guia, estava tomando sol nas areias da praia quando foi abordada pela Policia Militar exigindo que ela retirasse o cão da praia, chegando ao ponto de ameaça-la prender e recolher seu cão Logo em Balneário Camboriú, município que sedia a primeira escola de cães-guia e o primeiro centro tecnológico de formação de treinadores e instrutores de cães-guia do Brasil que pertence ao Instituto Técnico Catarinense. Fico imaginando como algum banhista poderia ter se sentido ameaçado por um cão dócil deitado ao lado de uma senhora cega, se o cão não tivesse esse símbolo impuro, sujo, mesmo numa época que pipocam protetores independentes pelo Facebook? A realidade é mais cruel que o Facebook, e ali essa senhora não teve protetores independentes para lhe ajudar, teve que chamar o Instituto Técnico Catarinense que com seus técnicos após intermináveis uma hora e meia demonstraram a Policia Militar e aos banhistas que o cão, neste caso, estava protegido por lei e só não pode frequentar unidades de terapia intensiva (UTI) e salas de cirurgias, todos os outros ambientes (incluindo as areias de Balneário Camboriú) ele pode acompanhar a sua guardiã.

Texto de Edgar Cardoso para O Indaialense.