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Espinha Vertebral do Cão

Por Emilly Pereira da Silva e Edgar Cardoso

A coluna vertebral dos cães tem a função de proteger a medula espinhal, estendendo-se do crânio à extremidade final da cauda. É composta por sete vértebras cervicais (C1-C7), treze vértebras torácicas (T1-T13), sete vértebras lombares (L1-L7), três vértebras sacrais (S1-S3) e, dependendo da espécie, podem apresentar cerca de vinte vértebras caudais (Rodrigues, 2014).

Figura 1 Esqueleto completo do cão, identificando as regiões vertebrais

Anatomicamente, cada vértebra é composta por um corpo e um arco vertebral e, além disso, cada vértebra apresenta uma quantidade de processos que atuam na fixação de músculos e ligamentos. Esses processos incluem um processo espinhoso, quatro processos articulares, dois processos transversos, como podemos ver nas figuras 2 e 3 (König; Liebich, 2016; Lima, 2021).

Figura 2 Pode-se observar uma vértebra lombar onde estão indicados seus processos.

Entre os espaços vertebrais encontram-se os discos intervertebrais, com exceção da primeira e segunda vértebras cervicais (Wensing, 2010). O disco intervertebral deve garantir estabilidade, flexibilidade e mobilidade a cada um dos segmentos da coluna. Juntamente com a musculatura presente na coluna vertebral, esses discos têm a função de manter a compressão de tais estruturas, além de amortecer impactos que podem ocorrer nas vértebras (Rodrigues, 2014).

Figura 3 Vértebras lombares e seus processos em radiografia com projeção latero-lateral.

Cada disco intervertebral é dividido em duas partes principais: o núcleo pulposo, localizado centralmente, responsável por fornecer a capacidade de amortecimento devido à sua alta hidratação, uma vez que é composto por aproximadamente 80% de água, e o Anel Fibroso, composto por fibras ricas em colágeno, apresentando maior espessura na porção ventral, conforme pode ser observado na figura 4 (Bergkunt et al., 2013; Major, 2022; Calixto, 2022).

 

Figura 4 Pode-se observar uma vértebra cervical indicando a localização canal medular, anel fibroso e núcleo culposo

 

Dependendo do animal, a espessura dos discos intervertebrais pode variar. Em cães condrodistróficos, como o Buldogue Francês, a zona de transição tende a ser encurtada (Calixto, 2022). Animais com idade mais avançadas tendem a apresentar alterações degenerativas nesses discos devido ao enfraquecimento do anel fibroso quando pressionado pelo núcleo culposo (König; Liebich, 2016). 

 

Essa degeneração do disco intervertebral resulta em alterações nas propriedades físicas e estruturais, comprometendo a estabilidade da coluna vertebral.  Isso pode levar à projeção dorsal , seja do anel fibroso seja do núcleo culposo, comprimindo a medula espinhal nos mais diversos graus. Ainda, dependendo da intensidade, pode resultar em paralisia dos membros do animal (Bergkunt et al., 2013; Fonseca, 2022). 

 

Referências bibliográficas

RODRIGUES, João Miguel Catarino de Frias. Relação entre a doença do disco intervertebral e as malformações congênitas no Bulldog Francês. 2014. 83 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, Vila Real, 2014. Disponível em: https://repositorio.utad.pt/server/api/core/bitstreams/c070561b-a72d-433a-bcb7-b8b023e8988b/content. Acesso em: 8 abr. 2024.

 

KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Introdução à Anatomia. In: KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Cap. 1, p. 53-116.

 

LIMA, Déborah Cavalcante de Aliança. Afecções vertebrais em cães da raça Pug e Bulldog Francês: revisão de literatura. 2021. 59 f. TCC (Graduação em Medicina Veterinária) -Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2021. Disponível em: https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/3463. Acesso em: 20 mar. 2024.

 

WENSING, Dyce Sack. Tratado de Anatomia Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2010. 1714 p. Disponível em: file:///D:/Downloads/Tratado%20de%20Anatomia%20Veterin%C3%A1ria%204%C2%AA%20Edi%C3%A7%C3%A3o%20(K.M.%20Dyce)%20(Z-Library).pdf. Acesso em: 13 mar. 2024.

 

BERGKNUT, Niklas et al. Intervertebral disc degeneration in the dog. Part 1: anatomy and physiology of the intervertebral disc and characteristics of intervertebral disc degeneration. The Veterinary Journal, [s.l.], v. 195, n. 3, p. 282-291, mar. 2013. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.tvjl.2012.10.024. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1090023312004595?via%3Dihub. Acesso em: 19 mar. 2024.

 

MAJOR, Emilaine Souza. Doença do disco intervertebral cervical: revisão de literatura. 2022. 38 f. TCC (Graduação em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Santa Catarina, Curitibanos, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/238565/TCC%20-%20Emilaine%20Souza%20Major.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 19 mar. 2024.

 

CALIXTO, Ana Ruthe Alves de Souza. Doença do disco intervertebral (DDIV) em cães e suas principais técnicas cirúrgicas de descompressão: revisão de literatura. 2022. 50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina Veterinária) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/23596/1/ARASC19072022-MV368.pdf. Acesso em: 18 mar. 2024.

 

FONSECA, Júlia Leite Modesto da. Revisão bibliográfica sobre doença do disco intervertebral em cães. 2022. 40 f. TCC (Graduação em Medicina Veterinária) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Brasília, 2022. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/prefix/16342/1/21750524.pdf. Acesso em: 15 maio 2024.

CECIM, Belissa Ferreira. Doença do disco intervertebral em cães da raça Dachshund: uma revisão de literatura. Iniciação Científica Cesumar, [s.l.], v. 21, n. 2, p. 189-201, 16 out. 2019. Centro Universitario de Maringa. http://dx.doi.org/10.17765/1518-1243.2019v21n2p189-201. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/8c81/e589e1a3649c54afc26e1b72d1072f046e37.pdf. Acesso em: 8 abr. 2024.