Categorias: Cães

Tosse dos Canis – Gripe canina?

Das doenças respiratórias que são mais freqüentes neste período de outono a mais comum nos cães, é a Traqueobronquite Infecciosa.  Apesar de denominadas pelo setor de mercadização das empresas farmacêuticas veterinárias de gripe canina desde 2009, quando da pandemia de gripe A, este nome não define tão bem a traqueobronquite infecciosa como o nome clássico: Tosse dos Canis. O primeiro motivo é que existe uma doença muito menos frequente que é a gripe canina causada por um vírus, chamada de parainfluenza canina. O outro motivo é seu agente causador que é a Bordetella, esta pertence ao mesmo grupo da bactéria causadora da Tosse Comprida (ou Coqueluche) em humanos, que é a Bordetella Pertussis. Não sem motivos a Tosse dos Canis tem os sinais muito semelhantes a Tosse Comprida. No entanto é importante ressaltar que em condições normais não se observa transmissão do cão para humanos ou de humanos para cães.

A Tosse dos Canis é um tipo de “bronquite” leve. É uma doença das vias aéreas (faringe, laringe, traqueia e brônquios), altamente contagiosa, mas que é tratável e apresenta pouco risco de morte.

O principal agente causador é uma bactéria chamada de Bordetella Bronchiseptica mas também podem estar envolvidos os vírus da parainfluenza canina, adenovirus caninos dos tipos 1 e 2, herpesvirus, reovirus caninos dos tipos 1, 2 e3, ou ainda micoplasmas e ureaplasmas.

A Tosse dos Canis, apresenta início súbito, e seu principal sinal é uma tosse seca e curta, que dura dias a algumas semanas. A mímica da  tosse se assemelha a uma tentativa de expulsar algo que estivesse preso a garganta, terminando por eliminar uma substância esbranquiçada. No entanto  o que descarta esta hipótese é que normalmente os cães acometidos com a Tosse dos Canis se alimentam normalmente, o que seria impossível se houvesse algum corpo estranho na garganta. Normalmente o que ocorre é uma infecção suave, mas nos cãezinhos e nos animais com imunidade baixa pode ocorrer invasão por bactérias nos pulmões podendo causar pneumonia e risco à vida.

Ela é altamente contagiosa através da disseminação por aerossol, ou seja pela tosse e espirros; por tanto, torna-se comum onde quer que se abriguem ou se confinem cães juntos, por exemplo canis-hotel, abrigos de animais, lojas de animais, banhos e tosa entre outros. Mas não elimina o de risco dos animais que estão em quintais, ou que caminhem pela rua e entrem em contato com outros cães diretamente ou pelos portões e cercas. Esses agentes também podem ser transmitidos pelas roupas das pessoas ou objetos como comedouro, pentes, bebedouros, gaiolas que tiveram contato com animais que tinham a tosse;

O diagnóstico clínico é baseado na história do paciente (se teve contato recente com outros cães e se foi vacinado), nos sinais clínicos e na resposta do animal ao tratamento.

Mais uma vez a melhor maneira é a prevenção e isto pode ser feito através da vacinação. Além da vacina múltipla é imprescindível a associação com  uma vacina específica para tosse dos canis.

Existem no mercado duas apresentações de vacinas específicas para tosse dos canis. Uma  que apresenta na sua formulação exclusivamente  extrato antigênico inativado da bactéria Bordetella bronchiseptica, nesta formulação a aplicação é em baixo da pele e há necessidade de duas doses, uma inicial e outra de reforço após 21 dias da dose inicial. E existe outra forma de aplicação com maior rapidez na proteção do cão, no entanto com maior dificuldade no dia a dia que é a intranasal. Neste caso a vacina deve ser pingada dentro do nariz (como se fosse descongestionante nasal) estes apresentam na composição além do antígeno bacteriano da Bordetella bronchisseptica, os antígenos virais do Adenovírus Canino tipo 2 e do vírus da Parainfluenza Canina (vírus vivos modificados), nesta formulação nasal, uma única dose já é suficiente para produzir proteção. A dificuldade é que nem todos cães aceitam bem este tipo de aplicação, além de ser impossível em cães agressivos.

Finalmente independente da forma de aplicação da vacina o importante é, sempre além das vacinas múltiplas (V10 ou V8), complementar com vacinas específicas para Tosse dos Canis em especial naqueles mascotes peludos que frequentam rotineiramente salões de beleza, e naqueles cães que apesar de não serem peludos apresentam nariz muito curto e estreito, como os Pugs, onde qualquer tosse pode se complicar em pneumonia em virtude da sua natural dificuldade respiratória.

Texto de Edgar Cardoso.