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Dirofilariose em Santa Catarina – O que é e como prevenir

Por Edgar Cardoso em 07 de novembro de 2024.

Estamos enfrentando nos últimos anos um aumento expressivo na quantidade de mosquitos em Santa Catarina, mas especialmente no nosso Vale do Itajaí. Devido ao seu ecossistema urbano, onde temos áreas verdes sempre acompanhando as áreas urbanas, o controle deste inseto é ainda mais desafiador e as doenças por eles propagadas são de difícil controle e prevenção.

Nos animais de estimação, notadamente os cães, uma doença transmitida pelo mosquito se destaca, a Dirofilariose. A dirofilariose é uma doença causada pelo verme redondo chamado cientificamente de Dirofilaria immitis, o gênero dirofilaria tem a origem do seu nome no latim Diru que significa cruel, desumano e Filaria que significa novelo de linha (Dirofilariose, 2023).

A Dirofilia immitis é a espécie mais comum das Américas e afeta principalmente os cães, mas apresenta relatos em gatos e humanos (Chocobar et al., 2024).

Figura 1 Ciclo de vida da dirofilariose canina (Amor Por Patas, 2021).

A dirofilariose é transmitida por mosquitos dos gêneros Aedes, Culex e Anopheles, após ingerir sangue de um cão, ou outro animal infectado, quando este mosquito volta a se alimentar picando outro cão as larvas de dirofilaria são depositadas em baixo da pele e daí seguem para os vasos sanguíneos indo se alojar no coração, neste órgão se desenvolvem e se tornam adultos, daí ser muito conhecido como “verme do coração” (figura 1) . Em gatos também ocorre o desenvolvimento do verme adulto no coração. Já nos humanos a dirofilaria faz um ciclo chamado errático e acaba formando nódulos nos pulmões (Silva; Langoni, 2009; Vittorato; Oliveira; Gomes, 2024).

Figura 2 Microfilárias de dirofilariose junto a hemácias no sangue (Dirofilaria…, s/d)

A dirofilariose canina normalmente tem alta prevalência em áreas litorâneas do Brasil, em Santa Catarina encontramos os seguintes registros: no município de Laguna, foi observado uma prevalência geral de 4,62%, sugerindo que em cada 100 cães aproximadamente 5 apresentam dirofiloriose (Sebolt, 2020). Da mesma forma foi observado a prevalência de 2,1% em Florianópolis, 7,3% em Araguari e 0,7% em Joinville. Apesar de ser observado também em gatos em outras regiões do Brasil, ainda não foi registrado em gatos no estado de Santa Catarina. Chocobar e colaboradores (2024) registraram no Brasil doze casos de dirofilariose em humanos descritos nos últimos 25 anos, a metade, ou seja seis casos foram registrados em Santa Catarina, sendo todos identificados em Florianópolis (Cavalazzi et al., 2002). Em outro artigo Bublitz e colaboradores (2012) determinaram a presença de 8 casos em humanos de dirofilariose na região de Joinville, sendo 7 em pulmão e um em globo ocular.

O animal contaminado pela Dirofilaria immitis só apresentará sinais quando o coração iniciar com insuficiência. Os sinais de cardiopatia mais comuns são tosse, cansaço fácil, desmaios, entre outros.

Não há tratamento para os cães com o verme de dirofilaria adulto no coração, pois os raros medicamentos que são usados para este propósito não estão disponíveis no Brasil. A cirurgia é uma possibilidade, mas com grande risco cirúrgico, como pode-se observar no vídeo abaixo (Figura 3). Por tanto o prognóstico é ruim, com óbito ocorrendo por insuficiência cardíaca.

A prevenção se apresenta através de comprimidos de uso oral realizado mensalmente ou Proheart (Zoetis) medicamento injetável realizado pelo médico veterinário em consultório em aplicações anuais. O Proheart (Zoetis) esta indicado exclusivamente para cães acima de 6 meses com uma única aplicação e reaplicações a cada 12 meses, tornando-se este último mais prático e econômico, já que evita esquecimentos e períodos que possam haver contaminação. Como medida preventiva complementar recomenda-se o teste para detecção de dirofilaria no sangue anualmente.


Figura 3: Cirurgia para remoção de dirofilarias adultas do átrio direito e veia cava (Kbrumf, 2019).

 

Referências:

AMOR POR PATAS. Dirofilariose Canina: o que é e quais são as suas causas?. o que é e quais são as suas causas?. 2021. Disponível em: https://amorporpatasveterinaria.com.br/dirofilariose-canina/. Acesso em: 07 nov. 2024.

BUBLITZ, Giuliano Stefanello et al. Dirofilariose humana em Joinville-SC: avaliação clinicopatológica dos primeiros casos relatados na região sul. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro, v. 48, n. 5, p. 383-389, out. 2012. Mensal. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=393541968012. Acesso em: 28 out. 2024.

CHOCOBAR, Marianna Laura Elis; SCHMIDT, Elizabeth Moreira dos Santos; WEIR, William; PANARESE, Rossella. The Distribution, Diversity, and Control of Dirofilariosis in Brazil: a comprehensive review. Animals, [S.L.], v. 14, n. 17, p. 2462, 24 ago. 2024. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/ani14172462.

DIROFILARIA immitis: Microfilaria of the heartworm red blood cells. Microfilaria of the heartworm red blood cells. s/d. Disponível em: https://i2.wp.com/www.microbiologiaitalia.it/wp-content/uploads/2016/09/Dirofilaria-immitis_3.jpg?fit=1000%2C740&ssl=1. Acesso em: 07 nov. 2024.

DIROFILARIOSE. 2023. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dirofilariose. Acesso em: 07 out. 2024.

KBRUMF. Heartworm Surgical Extraction: caval syndrome- 62 heartworms extracted. Caval Syndrome- 62 heartworms extracted. 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i_szQI4U2l0&t=4s. Acesso em: 08 nov. 2024.

RIGONE, Maria Eduarda della Giustina. Dirofilaria immitis em um cão em Laguna – Santa Catarina: relato de caso. 2022. 09 f. TCC (Graduação) – Curso de Graduação em Medicina Veterinaria, Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, 2022.

SEBOLT, Ana Paula Remor. Dirofilaria immitis: Prevalência da Infecção em Cães no Município de Laguna, SC, Brasil. 2020. 48 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Mestrado em Ciencia Animal, Centro de Ciências Agroveterinárias, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2020. Disponível em: https://www.udesc.br/arquivos/cav/id_cpmenu/2126/ANA_PAULA_REMOR_SEBOLT_disserta__o_16028669300373_2126.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.

SILVA, Rodrigo Costa da; LANGONI, Helio. Dirofilariose: zoonose emergente negligenciada. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 5, p. 1615-1624, 3 abr. 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-84782009005000062. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cr/a/jkFwpYWrkmjLWvQfzbdWV6S/. Acesso em: 07 out. 2024.

VITTORATO, Camila Takahashi; OLIVEIRA, Giovanna Barbosa de; GOMES, Juliana Oliveira. Dirofilariose Immitis em Caninos Domésticos no Brasil. Revista Ft, Leblon, Rj, v. 28, n. 138, p. 47-48, 30 set. 2024. Revista ft Ltda. http://dx.doi.org/10.69849/revistaft/ma10202409301047. Disponível em: https://revistaft.com.br/dirofilariose-immitis-em-caninos-domesticos-no-brasil/. Acesso em: 07 out. 2024.