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Nosso Bebê Salvador descansou num cocho (ou numa manjedoura, se preferirem)

Nosso Bebê Salvador descansou num cocho (ou numa manjedoura se preferirem)

Por Edgar Cardoso

O Natal é um período encantado, tudo que envolve o natal é cheio de significado, o Pinheiro enfeitado, a Guirlanda na porta, o Presépio. O Presépio sempre me chamou a atenção afinal é um “retrato” do momento do nascimento do Aniversariante. Talvez de tanto vermos o presépio e na correria do dia-a-dia acabamos nem refletindo mais sobre esta cena:  Jesus, o Salvador, deitado na manjedoura.

Num olhar rápido pensamos que se trata apenas de uma cama desconfortável com um colchão a base de palhas: a manjedoura. Bom, manjedoura é o que chamamos aqui no vale de cocho, ou seja o local usado para colocar o capim, sal, concentrado, qualquer alimento para vacas, ovelhas…  Assim após o Seu nascimento, Ele foi colocado para descansar no objeto que mais se parecia com uma cama num estábulo, o cocho (ou manjedoura se preferirem). Apesar de alguma controvérsia com relação a esta data, dezembro em Belém é frio, chega a ter temperaturas perto de zero grau. Um dos hábitos dessa região de camponeses era abrigar seus animais no térreo da casa, de tal forma que o calor emanado pelas ovelhas auxiliariam no aquecimento dos cômodos superiores onde ficavam os outros habitantes. O jovem casal José e Maria ao não encontrar hospedagem em Belém, ela nos últimos dias de gestação, obrigaram-se a aceitar o único local disponibilizado: um curral.

Mas tudo na vida do nosso Salvador tinha significados, e nada mais representativo do que Ele ao invés de nascer entre outros seres humanos, escolher nascer entre animais. E lá estavam apenas José, Maria e o bebê Jesus protegidos do frio e do mau, por ovelhas, vacas, cavalos, quem sabe um cão pastor e um gato para manter os ratos longe do curral.

A tradição afirma que a data de seu nascimento foi dia 25 de dezembro, o mesmo dia que os povos romanos comemoravam o dia do sol invicto Mitra. Mitra nasceu através da rocha para eliminar o mal e fazer o bem triunfar. Seus festejos ocorriam no menor dia do ano, ou seja o solstício de inverno (25 de dezembro no império romano). 

Talvez o que durante muito tempo não souberam ler, 

é que Ele nos dizia que tínhamos que respeitar todas as criaturas da terra, 

por isso estava entre elas o frágil Bebê.  

Mais de 1000 anos depois é que a Igreja Católica teve a primeira manifestação de um fiel a respeito dos outros seres que não os humanos. Francisco foi um irmão universal. Irmão dos animais (incluindo os homens) e dos vegetais, do cosmos e das estrelas.  “Tudo o que criastes proclama a Vossa glória”. Assim, este grande santo, viveu toda a sua vida de oração, meditação e louvor a Deus, contemplando a Sua obra, desde a menor formiguinha até o astro sol. 

Em Gréccio, Italia, no ano de 1223, quinze dias antes do Natal, Francisco chamou João, um homem daquela terra, para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: «Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro. No dia 25 de dezembro, homens e mulheres trazendo flores e tochas para iluminar aquela noite santa, acompanharam a celebração da eucaristia realizada por Francisco sobre a manjedoura com palha, o boi e o burro, como não haviam figuras o primeiro presépio foi formado e vivido pelos que ali estavam. As pessoas lá reunidas manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido antes.

A partir daí origina-se a tradição do presépio, palavra latina que significa cocho (manjedoura se preferirem). Segundo Santo Agostinho Jesus foi colocado num cocho para alimentar nossas almas de fé, esperança e amor. O presépio tenta buscar as pessoas para o verdadeiro significado do natal, tão tumultuado, tão apressado pelas compras e apelos de vitrines de papais noéis. Como afirma Frei Vitorio Mazzuco Filho (2011), o presépio lembra que 

“o Amor tem que ser Amado! 

A Verdade e a Beleza têm que ser apreciadas. 

Este é o lugar de Luz no meio das sombras humanas. 

A luz vale mais do que todas as trevas. 

Deus está ali com você e com Francisco diante do presépio, 

e abraçando você com silêncio, paz, harmonia e serenidade.

Referências:

MAZZUCO FILHO, Vitório. A Mensagem Franciscana do Presépio. 25/10/2011. Disponível em: https://franciscanos.org.br/vidacrista/especiais/o-natal-na-mistica-franciscana/#gsc.tab=0. Acesso em: 17 dez. 2020.
FRANCISCUS. Carta Apostólica Admirabile Signum: do Santo Padre Francisco sobre o significado e valor do presépio. 2019. Disponível em: http://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20191201_admirabile-signum.html. Acesso em: 17 dez. 2020.