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Olha lá o Chupa-Cabras – O Indaialense

Atka de luvina em exposição no Kennel Clube de Itajaí em 1993

Esta semana estava lendo sobre a capacidade dos cães de se comunicarem conosco, os humanos. Cada vez mais o famoso dito popular: “ele só falta falar” vem sendo comprovado cientificamente. Me fez lembrar de fato ocorrido a alguns anos atrás. Nos anos 90 eu ganhei um cão, já adulto, da raça borzói que se chamava Atka Deluvina. Se tratava de um belíssimo exemplar da  raça. Eu a minha esposa, viajamos com a Atka para várias exposições em diversas cidades catarinenses. Por diversas vezes a Atka, eu, Simone e o pequeno Bruno num gol chaleira subimos a serra em direção a Curitiba para encontrar o seu namorado, o Gorky. Apesar das várias tentativas, esse namoro nunca deixou frutos. Não que quiséssemos os filhotes para comercializá-los, realmente acredito que isso seria algo bem difícil, mas como só conhecíamos exemplares adultos, tínhamos a curiosidade de ver como seria um filhote de borzói.

Apesar de seu corpo estilo as atuais “top models”: esguia, alta de “cabelos longos”, não era assim reconhecida quando caminhávamos nas ruas de Indaial, realmente o mais frequente era o olhar espantado das pessoas e de pronto a frase mais comum ouvida era: “Olha lá um chupa-cabras!”. Nessa época uma série de ataques a animais na zona rural se tornou assunto dos noticiários, como as mortes dos animais eram muito parecidas, elas foram todas atribuídas a esta criatura mística, o chupa-cabras, a culpa pelos ataques. E chupa-cabras virou sinônimo de tudo que era criatura estranha, esquisita, no caso a nossa Atka.

A Atka viveu e envelheceu conosco, numa determinada noite, já era madrugada quando escutamos um latido diferente, que nem se tratava de um latido para advertir estranhos, nem de comunicação noturna entre os cães. Foi isso que nos acordou e me fez levantar para ver o que estava acontecendo. Quando fui em direção ao canil já a vi em pé na frente do cercado. Logo que me observou, me fitou por alguns instantes e seu corpo desabou ao chão. Corri, carreguei até onde havia luz, tentei reanimá-la, mas já tinha falecido. Bom, só me chamou pra dar um adeus.

Os cães lêem a linguagem do nosso corpo e nós aprendemos a entender a linguagem do nosso cão, e a linguagem do corpo não mente! É melhor mesmo eles não falarem!

Texto de Edgar Cardoso para O Indaialense.